Qualquer Mistério
Editora Patuá - Monique Lima e Nina Benchimol
Que imagens ilustrem as narrativas é algo que o qual já nos acostumamos; o caminho inverso, porém, é menos usual: em Qualquer mistério, as histórias de Monique Lima narram os desenhos de Nina Benchimol. É curioso, porém, que o faça predominantemente a partir da criação de novas imagens que, insistentemente, solapam a lógica narrativa por meio do impulso poético. O efeito é duplo: se por um lado, as imagens nos distanciam da representação naturalista do mundo; por outro, seu poder de síntese criativa acaba por oferecer algo que, estando no mundo, permanecia não percebido ou não nomeado. Justamente por isso, aquilo que a imagem diz só pode ser dito pela imagem. É esse poder que Qualquer mistério reinvidica para si quando apresenta uma procissão de personagens assaltados por situações surrealistas que, ao subverterem a realidade nua e crua, acabam também por projetar um horizonte utópico, ousando propor futuros. Com isso, Qualquer mistério não representa a realidade, mas cria mais realidade. Essa não é a sua força, uma força que só se concretiza plenamente com a participação de quem lê: nessa obra - verdadeiro triângulo amoroso em que a imaginação da escritora se entrelaça com a da ilustradora, reivindicando a imaginação leitora - projeta-se futuro e percebe-se a importância da coletividade para fazê-lo. < Camila Peruchi >
Qualquer mistério nasce do encontro de duas artistas sensíveis que decidiram costurar as suas obras numa colcha de contos e desenhos, tecida a quatro mãos e muitos universos. Ele surge no meio da rua, disfarçado de acaso, enquanto a trajetória de cada artista já parecia ter marcado hora para se encontrar.
Desse encontro nascem viagens surpreendentes pelas linhas e cores sonhadas por Madalena, pela interminável espera de Suzana, pelos alfinetes magoados de Socorro e pelo mistério de Nena, desenhada na parede apenas de foto e data.
Qualquer mistério' é um convite pra uma dança que conecta esses mundos em um ritmo único onde a prosa colorida nos toma pela mão e nos leva para visitar um Brasil plural e profundo. < Nuria Mallena >